Universidade
de Brasília - UnB
Faculdade
de Educação - FE
Disciplina:
Práticas Mediáticas na Educação
Prof. Ms Pedro Andrade
Aluna:
Andréia de Morais Silva Cerqueira RA: 11/0108639
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VALENTE, José Armando; ALMEIDA,
Fernando José de. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a
questão da formação do professor. Revista
Brasileira de Informática na Educação n.1, setembro de 1997. p. 45-60.
Disponível em:< http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/rbie/1/1/004.pdf>
O texto “Visão
analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do
professor” apresenta o desenvolvimento da Informática na Educação nos
Estados Unidos, na França e no Brasil, destacando como o Programa Brasileiro de
Informática na Educação foi diretamente influenciado pelos já existentes nesses
dois países.
Para tanto, os autores José Armando Valente e Fernando
José de Almeida descrevem a influência dos países no desenvolvimento da
informática na educação brasileira. Pontuam como ocorreu o surgimento e o
avanço da Informática na Educação dos Estados Unidos e França, bem como as bases
para a informática na Educação no Brasil. E por fim, aprofunda nas questões da
formação do professor e suas implicações, assim como os avanços tecnológicos em
consonância com as exigências e especialidades do Programa Brasileiro.
I.
A INFLUÊNCIA DE
OUTROS PAÍSES NO DESENVOLVIMENTO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
A Informática na Educação no
Brasil nasce a partir do interesse de educadores de algumas universidades
brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países como nos
Estados Unidos da América e na França (ALMEIDA; VALENTE, 1997, p.2).
Mesmo nos países como Estados
Unidos e França, locais onde houve uma grande proliferação de computadores nas
escolas e um grande avanço tecnológico, as mudanças são quase inexistentes do
ponto de vista pedagógico. As mudanças pedagógicas são sempre apresentadas ao
nível do desejo, daquilo que se espera como fruto da informática na educação. Não
se encontram práticas realmente transformadoras e suficientemente enraizadas
para que se possa dizer que houve transformação efetiva do processo educacional
como por exemplo, uma transformação que enfatiza a criação de ambientes de
aprendizagem, nos quais o aluno constrói o seu conhecimento, ao invés de o
professor transmitir informação ao aluno (ALMEIDA; VALENTE, 1997, p.3).
II.
INFORMÁTICA NA
EDUCAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
O início da Informática na
Educação nos Estados Unidos, no princípio dos anos 70, não foi muito diferente
do que aconteceu no Brasil. Os recursos tecnológicos existentes no sistema
educacional de 1° e 2° graus nos Estados Unidos em 1975 era semelhante ao que
existia no Brasil (ALMEIDA; VALENTE,
1997, p.3).
O aparecimento dos
microcomputadores, principalmente o Apple, no início dos anos 80 permitiu uma
grande disseminação dos microcomputadores nas escolas. Essa conquista
incentivou uma enorme produção e diversificação de CAIs, como tutoriais,
programas de demonstração, exercício-e-prática, avaliação do aprendizado, jogos
educacionais e simulação (ALMEIDA;
VALENTE, 1997, p.4).
A proliferação dos
microcomputadores, no início da década de 90, permitiu o uso do computador em
todos nos níveis da educação americana. O computador é largamente utilizado na
maioria das escolas de 1° e 2° graus e universidades. No entanto, isso não
significa que a utilização maciça do computador tenha provocado ou introduzido
mudanças pedagógicas. Muito pelo contrário. A mudança pedagógica, ainda que
muito lenta, foi motivada pelo avanço tecnológico e não por iniciativa do setor
educacional (ALMEIDA; VALENTE, 1997, p.6).
Por outro lado, a formação de
professores voltada para o uso pedagógico do computador nos Estados Unidos não
aconteceu de maneira sistemática e centralizada como, por exemplo, aconteceu na
França. Nos Estados Unidos os professores foram treinados sobre as técnicas de uso
do software educativos em sala de aula ao invés de participarem de um profundo
processo de formação. Em outros casos, profissionais da área de computação têm
assumido a disciplina de informática que foi introduzida na grade curricular
como forma de minimizar a questão do "analfabetismo em informática” (ALMEIDA;
VALENTE, 1997, p. 7).
Poucas são as escolas nos Estados
Unidos que realmente sabem explorar as potencialidades do computador e sabem
criar ambientes que enfatizam a aprendizagem (ALMEIDA; VALENTE, 1997, p.8).
III.
INFORMÁTICA NA
EDUCAÇÃO NA FRANÇA
[...] Na
questão da Informática na Educação, a França foi o primeiro país ocidental que
programou-se como nação para enfrentar e vencer o desafio da informática na
educação e servir de modelo para o mundo (ALMEIDA; VALENTE, p. 8).
[...] A escola
pública é fortíssima e a escola particular é quase inexistente. Indústria,
comércio, cultura, saúde, interagem ativamente com a rede escolar. No Brasil, só o estado é tido como responsável e mostra efetivo
interesse (quando mostra...) pela escola pública (ALMEIDA; VALENTE, p. 8).
[...] Embora o objetivo da
introdução da informática na educação na França não tenha sido o de provocar
mudanças de ordem pedagógica, é possível notar avanços nesse sentido porém,
esses avanços estão longe das transformações desejadas (ALMEIDA; VALENTE, p.
8-9).
Os primeiros Programas Nacionais
de Informática na Educação, na década de 1970, estabeleceu um debate
caracterizado por questões do tipo: deve-se formar para a informática ou
deve-se formar por e com a informática? A informática deve ser objeto de ensino
ou ferramenta do processo de ensino? (ALMEIDA; VALENTE, p.9).
[...] o programa de informática
na educação da França não tinha como objetivo uma mudança pedagógica, mas sim a
preparação do aluno para ser capaz de usar a tecnologia da informática
(ALMEIDA; VALENTE, p.9).
Atualmente, o uso do espaço
informático em educação articula-se em torno de duas tendências: a interligação
dos equipamentos em redes de dados (locais e à distância) e o emprego de
equipamentos portáteis. Tal prática tem como objetivo reduzir a necessidade de espaço
para os equipamentos, levantando a suposição do fim da “sala de informática” e
a reflexão sobre a derrubada das paredes da escola surgindo novos cenários
pedagógicos (ALMEIDA; VALENTE, p.10).
O uso das Novas Tecnologias da
Informação e Comunicação impõe mudanças nos métodos de trabalho dos professores,
gerando modificações no funcionamento das instituições e no sistema educativo.
Tais modificações são de caráter discreto e seus resultados não aparecerão
senão em uma macro-história educacional (ALMEIDA; VALENTE, p.12).
IV.
AS BASES PARA A
INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, como
em outros países, o uso do computador na educação teve início com algumas
experiências em universidades, no princípio da década de 70 (ALMEIDA; VALENTE,
p.12).
A implantação do
programa de informática na educação no Brasil inicia-se com o primeiro e
segundo Seminário Nacional de Informática em Educação, realizados respectivamente
na Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982.
Esses seminários estabeleceram um programa de atuação que originou o EDUCOM e uma
sistemática de trabalho diferente de quaisquer outros programas educacionais
iniciados pelo MEC [...] A primeira grande diferença do programa brasileiro em relação
aos outros países, como França e Estados Unidos, é a questão da
descentralização das políticas. No Brasil as políticas de implantação e
desenvolvimento não são produto somente de decisões governamentais, como na França,
nem consequência direta do mercado como nos Estados Unidos. (ALMEIDA; VALENTE,
p. 13).
O programa
brasileiro de informática na educação é bastante peculiar e diferente do que
foi proposto em outros países. No nosso programa, o papel do computador é o de
provocar mudanças pedagógicas profundas ao invés de "automatizar o
ensino" ou preparar o aluno para ser capaz de trabalhar com o computador (ALMEIDA;
VALENTE, p.14).
V.
FORMAÇÃO DE
PROFESSORES EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
As experiências de
implantação da informática na escola têm mostrado que a formação de professores
é fundamental e exige uma abordagem totalmente diferente. Primeiro, a implantação
da informática na escola envolve muito mais do que prover o professor com conhecimento
sobre computadores ou metodologias de como usar o computador na sua respectiva
disciplina [...] Segundo, os assuntos desenvolvidos durante o curso devem ser
escolhidos pelos professores de acordo com o currículo e a abordagem pedagógica
adotadas pela sua escola [...] Terceiro, esses cursos devem estar desvinculados
da estrutura de cursos de especialização. Essa é uma estrutura rígida e arcaica
para dar conta dos conhecimentos e habilidades necessárias para preparar os
professores para o uso do computador na educação (ALMEIDA; VALENTE, 1997, p.
19).
VI.
EVOLUÇÃO DO
COMPUTADOR NO BRASIL E AS IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
A nossa
experiência observando professores desenvolvendo atividades de uso do
computador com alunos tem mostrado que os professores não têm uma compreensão
mais profunda do conteúdo que ministram e essa dificuldade impede o
desenvolvimento de atividades que integram o computador (ALMEIDA; VALENTE,
1997, p.23).
A introdução da
informática na educação segundo a proposta de mudança pedagógica, como consta
no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda do
professor. Não se trata de criar condições para o professor dominar o
computador ou o software, mas sim auxiliá-lo a desenvolver conhecimento sobre o
próprio conteúdo e sobre como o computador pode ser integrado no
desenvolvimento desse conteúdo (ALMEIDA; VALENTE, p. 23).
VII.
CONCLUSÕES
Em diferentes
países a introdução de computadores nas escolas não produziu o sucesso esperado,
ou seja, os projetos ambiciosos, em grande escala, não têm conduzido aos
objetivos programados, mesmo quando deixados ao sabor do livre mercado, como no
caso do Estados Unidos ou quando são bem planejados em termos de público alvo,
equipamentos, materiais, software, meios de distribuição, instalação e
manutenção, como é o caso da França (ALMEIDA; VALENTE, p.24)
No Brasil,
embora a introdução da informática na educação tenha sido influenciada pelos
acontecimentos de outros países, notadamente França e Estados Unidos, a nossa
caminhada foi muito peculiar [...] No nosso caso, o êxito não é maior por uma
série de razões, desde a falta de equipamento nas escolas e, portanto, a falta
de um maior empenho na introdução da informática na educação, até um processo
de formação de professores frágil e lento [...] Os avanços tecnológicos têm
desequilibrado e atropelado o processo de formação fazendo com que o professor
sinta-se eternamente no estado de "principiante" em relação ao uso do
computador na educação (ALMEIDA; VALENTE, p. 25).
A formação do
professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as
técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática
pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e
pedagógica. Essa prática possibilita a transição de um sistema fragmentado de
ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de
problemas específicos do interesse de cada aluno (ALMEIDA; VALENTE, p.25-26).
COMENTÁRIOS
E QUESTIONAMENTOs
Com base na leitura do texto é possível evidenciar que
são múltiplas as questões que envolvem o desenvolvimento de uma educação mais
inovadora, amparada na informática e nas novas tecnologias, tanto no Brasil
como em países desenvolvidos, no caso, França e Estados Unidos da América.
No caso do Brasil, a extensão geográfica, o atraso
tecnológico são fatores que podemos elencar como fundamentais para as
dificuldades de fazer com que a informática faça parte do cotidiano escolar,
principalmente da sala de aula. Entretanto, é visível a “preocupação” dos
autores com formação dos professores que deveriam trabalhar essa temática com
os educandos.
É evidente que o artigo foi escrito há muito tempo, já
tem 15 anos. Nos últimos anos o Brasil teve importantes avanços na área
tecnológica (leia-se informática). Será que houve avanço no que diz respeito à
informática na educação brasileira? Hoje em dia, os professores tem uma
formação adequada? E a sala de aula é adequada? São questões que vale a pena
investigar e fazer para saber o que mudou de 1997 para 2012.
Universidade de Brasília - UnB.
Faculdade de Educação - FE.
Disciplina: Práticas Mediáticas na Educação
Docente: Prof. Ms. Pedro Andrade
Discente:
Andréia de Morais Silva Cerqueira
Matrícula: 11/0108639 Turma: A
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CYSNEIROS, P. G. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria
do ensino ou inovação conservadora?
Informática na Educação. n.1,
vol.12, 1999, p. 11-24. Disponível em: <http://fe-virtual.fe.unb.br/file.php/133/Novas-Tecnologias-Na-Sala-de-Aula-Melhoria-Do-Ensino-Ou-InovaCAo-Conservadora.pdf>.
Acesso em: 21. set. 2012
1. Resumo
No texto “Novas tecnologias educacionais na sala
de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora?” o autor traz reflexões
acerca da qualidade de ensino, evidenciando a realidade de muitas escolas
públicas brasileiras. Coloca como grande desafio da educação inserir novas
abordagens de ensino, sendo mediadas pelas tecnologias da informática. Faz
isso, sem deixar de levar em consideração a precariedade de muitas instituições
espalhadas pelo Brasil.
Para tanto, o
autor estrutura seu texto abordando a História da tecnologia educacional;
Inovação conservadora; Internet, informação e educação e, oferece uma reflexão
a respeito da concepção fenomenológica da tecnologia educacional.
2. Principais
citações do texto
1.1 INTRODUÇÃO
Nas
grandes cidades, as salas de aula [...] tem pouco espaço físico, são ruidosas,
quentes e escuras, desencorajando qualquer outra atividade que não seja a aula
tradicional. A arquitetura pobre e o mobiliário desconfortável e precário
dificultam o trabalho intelectual de alunos e mestres. São instituições
dependentes da administração central das redes escolares, em contextos de forte
dependência da burocracia cristalizada e das oscilações de quem estiver no
poder (CYSNEIROS, 1999, p.12).
O
professor encontra-se sobrecarregado com aulas em mais de um estabelecimento,
falta-lhe tempo para estudar e experimentar coisas novas, recebe baixos
salários. [...] pessoas ensinando matérias que não dominam, como também casos
incipientes de alcoolismo e um semi-absenteísmo camuflado, com o professor
evitando sempre que pode a sala de aula ou fazendo de conta que ensina, em
parte resultado de um esgotamento profissional prematuro (CYSNEIROS, 1999, p.12).
Sei
que esta situação está melhorando lentamente e que nos estados mais ricos (em
recursos materiais e humanos) já existem muitas escolas e redes que não se
enquadram na breve caracterização acima. No entanto, por dever de consciência,
não posso tomar como referência os mais aquinhoados (CYSNEIROS, 1999, p.12).
1.2 HISTÓRIA DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Ao tratarmos de novas abordagens de comunicação
na escola, mediadas pelas novas tecnologias da informação, estamos tratando de
Tecnologia Educacional. [...] Uma das principais referências nesta área é o
trabalho de Larry Cuban, professor de educação da Stanford University,
intitulado Professores e Máquinas: O Uso da Tecnologia na Sala de Aula desde
1920. Cuban estudou a introdução do rádio, filme, TV e computador em escolas
norte-americanas, abrangendo a literatura desde o início deste século até
meados da década de oitenta (CYSNEIROS, 1999, p.12).
Sua principal conclusão é que o uso de artefatos
tecnológicos na escola tem sido uma história de insucessos, caracterizada por
um ciclo de quatro ou cinco fases, que se inicia com pesquisas mostrando as
vantagens educacionais do seu uso, complementadas por um discurso dos
proponentes salientando a obsolescência da escola. Após algum tempo são
lançadas políticas públicas de introdução da nova tecnologia nos sistemas
escolares, terminando pela adoção limitada por professores, sem a ocorrência de
ganhos acadêmicos significativos. Em cada ciclo, uma nova sequência de estudos
aponta prováveis causas do pouco sucesso da inovação, tais como falta de
recursos, resistência dos professores, burocracia institucional, equipamentos
inadequados (CYSNEIROS, 1999, p.13).
Cuban nos mostra coisas interessantes, como o
trecho de um discurso de Thomas Edison (inventor do telégrafo, do gramofone e
da lâmpada elétrica), prevendo, em 1913, que os livros didáticos se tornariam
obsoletos nas escolas e que, usando filmes, seria possível instruir sobre
qualquer ramo do conhecimento humano (CYSNEIROS, 1999, p.13).
No
Brasil percorremos uma história análoga, certamente mais recheada de
insucessos, como demonstram teses e dissertações sobre o tema. [...] No início
dos anos oitenta iniciaram-se as primeiras políticas públicas em informática na
educação, no contexto mais amplo da reserva de mercado para informática. Nosso
primeiro projeto de âmbito nacional priorizou a pesquisa, dotando cinco
universidades públicas com verbas do Projeto EDUCOM, que não chegou a atingir
muitas escolas, mas produziu um bom contingente de recursos humanos nas
instituições beneficiadas. Foram bolsistas de pesquisa que hoje em boa parte
são pesquisadores nos vários campos da educação, com trabalhos em Informática Na
educação (CYSNEIROS, 1999, p.14).
A
nível nacional, a história tem sido contada, de modo otimista, sob a ótica dos
responsáveis pelas políticas públicas na época. Com o término do EDUCOM, foi
lançado um programa de Centros de Informática Na educação nos estados, CIEDs,
considerado um sucesso por alguns, mas que na realidade praticamente não afetou
as salas de aula na grande maioria do país (CYSNEIROS, 1999, p.15).
Atualmente estamos vivendo um outro estágio, com
uma política federal de se colocar 100 mil computadores em escolas públicas e
treinar 25 mil professores em dois anos, através do projeto PROINFO cujo ponto
divergente de políticas passadas é a intenção de se alocar quase metade do
dinheiro para formação de recursos humanos, procurando evitar os erros
cometidos em programas deste mesmo governo como o vídeo escola, onde a ênfase
maior foi na colocação de equipamentos nas escolas (CYSNEIROS, 1999, p.15).
Apesar de ter havido avanços, algumas falhas
desta política já podem ser notadas, como a ausência de articulação com os
demais programas de tecnologia educativa do MEC, especialmente com o vídeo
escola, e com outros como educação especial. Também não foi contemplada a
formação regular de professores nas universidades, principalmente aqueles que
estão concluindo seus cursos e entrando no mercado de trabalho (CYSNEIROS,
1999, p.15).
1.3 INOVAÇÃO CONSERVADORA
A história da tecnologia educacional contém
muitos exemplos de inovação conservadora, de ênfase no meio e não no conteúdo.
Devido ao efeito dramático, sedutor, da mídia, em certos casos a atenção era
concentrada na aparência da aula, tomando-se como algo “dado” o conteúdo
veiculado, seja na sala de aula por transparências ou filmes, ou pela difusão
ampla de conteúdos, através da TV, do rádio ou mesmo de livros textos cheios de
figuras, cores, desenhos, fotos (CYSNEIROS, 1999, p.16).
Atualmente a inovação conservadora mais
interessante é o uso de programas de projeção de tela de computadores,
notadamente o PowerPoint©, com o qual o espetáculo visual (e
auditivo) pode tornar-se um elemento de divagação, enquanto o professor
solitário na frente da sala recita sua lição com ajuda de efeitos especiais,
mostrando objetos que se movimentam, fórmulas, generalizações, imagens que
podem ter pouco sentido para a maioria de um grupo de aprendizes. A inatividade
(física e mental) do aprendiz é reforçada pelo ambiente da sala, geralmente à meia
luz e com ar condicionado (CYSNEIROS, 1999, p.16).
A presença da tecnologia na escola, mesmo com
bons software, não estimula os professores a repensarem seus modos de ensinar
nem os alunos a adotarem novos modos de aprender. Como ocorre em outras áreas
da atividade humana, professores e alunos precisam aprender a tirar vantagens
de tais artefatos. Um bisturi a laser não transforma um médico em bom
cirurgião, embora um bom cirurgião possa fazer muito mais se dispuser da melhor
tecnologia médica, em contextos apropriados (CYSNEIROS, 1999, p.18).
1.4 INTERNET, INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO
Outro aspecto que pode confundir o educador é o
discurso da necessidade da informação (colocado por Seymour Papert, e por
alguns conferencistas de congressos de informática), que nos causa de inicio
certa angústia ao concluirmos que a escola não tem acesso imediato à enorme
quantidade de informação que é produzida diariamente no mundo (CYSNEIROS, 1999,
p.18).
Embora a Internet seja um recurso com muito
potencial para determinadas atividades educativas, ela também pode ser mais um
fator de colonialismo cultural, pois estamos recebendo a informação daqueles
que tem condições de colocá-la nos computadores, reduzindo nossa presença e
ampliando o alcance do poder de suas idéias, com todos os fatores associados do
formato hipertexto, da velocidade, de multi-representações (CYSNEIROS, 1999, p.
20).
Nesta ótica, é muito importante que coloquemos
tais máquinas nas mãos de nossas crianças e adolescentes, porém sempre
predominando o ato de educar, de examinar criticamente - numa atitude freiriana
-, aquilo que está lá. Onde a sabedoria de um professor de uma escola rural, ou
de um velho pescador da comunidade, pode ser mais importante para a formação da
identidade da criança e para a sobrevivência da cultura do que toda a
informação que é produzida diariamente nos lugares sofisticados do planeta (CYSNEIROS,
1999, p. 20).
Embora devamos perseguir o ideal de uma
aprendizagem estimulante e auto motivadora - em salas de aulas ricas em
recursos e com respeito à individualidade e espontaneidade do aprendiz -
sabemos que além do prazer da descoberta e da criação, é necessário disciplina,
persistência, suor, tolerância à frustração, aspectos do cotidiano do aprender
e do educar que não serão eliminados por computadores (CYSNEIROS, 1999, p. 20).
1.5
UMA CONCEPÇÃO FENOMENOLÓGICA DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
A Fenomenologia tenta abordar os objetos do
conhecimento tais como aparecem, isto é, tais como “se apresentam” à
consciência de quem procura conhecê-los, tentando deixar de lado toda e
qualquer pressuposição sobre a natureza desses objetos (Heidegger, Rezende), Um
dos primeiros passos neste sentido é tentar rever a experiência psicológica do
óbvio, do cotidiano, cujo conhecimento é embotado pela familiaridade. Tal
abordagem, embora pareça fácil, torna-se difícil pela enorme complexidade da
experiência humana. Como diz um ditado, o peixe é o último a descobrir a água (CYSNEIROS,
1999, p. 21).
Uma das conclusões de uma primeira análise
fenomenológica superficial é que a tecnologia não é neutra, no sentido de que
seu uso proporciona novos conhecimentos do objeto, transformando, pela mediação,
a experiência intelectual e afetiva do ser humano, individualmente ou em
coletividade; possibilitando interferir, manipular, agir mental e ou
fisicamente, sob novas formas, pelo acesso a aspectos até então desconhecidos
do objeto.
Dependendo do objeto, do sujeito (mais ou menos
crítico), de sua história e da situação especifica, pode-se considerar as novas
características ampliadas do objeto como mais reais do que aquelas conhecidas
sem a ajuda de instrumentos. Pode-se, assim, confundir as duas dimensões de
continuidade (em essência o mesmo objeto) e diferença (conhecido parcialmente
de outro modo) entre a percepção ordinária e aquela mediada. Neste sentido, as
realidades possibilitadas pelas novas tecnologias da informação podem ser
alienantes, como nos relatos dos viciados em computadores (CYSNEIROS, 1999, p.
21).
[...] Nossas escolas públicas e professores, como
vimos no início deste trabalho, ainda não possuem ambientes favoráveis a este
tipo de atividade. Isto no entanto, não significa que não devamos iniciá-la,
que o professor desista de experimentar, de ousar. Lembro, por exemplo, de um
jovem professor de uma escola de periferia de Recife, que aos sábados levava
seu computador pessoal para a escola, compartilhando-o com um grupo de alunos (CYSNEIROS,
1999, p. 23).
Como coloquei em outro trabalho, que aspectos da
experiência humana da escola e do ato de educar, nos conteúdos das várias
disciplinas e séries, merecem e podem ser transformados, ampliados ou reduzidos
com a Informática e a Telemática? Quais as implicações das reduções que
inexoravelmente ocorrerão, uma vez passado o caráter dramático inicial? Tais
perguntas não são fáceis de responder, mas podem servir de guias genéricos para
a reflexão e a experimentação em situações do cotidiano da escola, onde o
professor e o administrador dispõem pouco do apoio confortável e protetor de
conhecimentos acumulados, pois o uso pedagógico das novas tecnologias é algo
relativamente incipiente (CYSNEIROS, 1999, p. 23).
3.
Comentários
O texto nos proporciona uma reflexão a respeito
das práticas educativas, na qual estamos em contato diariamente, seja na
Universidade ou nas escolas, e também acerca das nossas práticas ou futuras enquanto
professores e professoras. Tendemos a pensar que o único problema da educação é
a falta de inovação, mas raramente fazemos uma reflexão concisa do que é
inovação no que diz respeito às práticas educativas e também inovações
tecnológicas que podem dar suporte ao educador e não o contrário. É preciso
também termos a clareza que as tecnologias educacionais se bem utilizadas
servem como aliadas no processo de ensino e aprendizagem. Caso contrário, seu
uso fica restrito e tornam o que já era maçante ainda pior. Resultado disso são
aulas monótonas e de qualidade duvidosa. Além de não provocar discussões que,
são parte fundamental do pensamento crítico e da formação de cada indivíduo.
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